- macenadoctor
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Data de inscrição : 27/05/2021
Caso da semana
Qua Jul 07, 2021 12:00 pm
- Caso:
- “É uma dor nas mãos e nas costas de lascar.”
Diana tem 52 anos e há mais de vinte é costureira de uma confecção na Cidade de Caruaru. Chega à primeira consulta com Camila, médica da USF do seu bairro, acompanhada de sua irmã, Laura. Ela se queixa de que, há cerca de um ano, vem apresentando crises cada vez mais frequentes de dor lombar, progressivamente com maior intensidade. Ainda refere dor na região da articulação do punho há mais de dois meses. Acredita que as dores estão relacionadas à sua atividade laboral e questiona se não é necessário se afastar do trabalho, temerosa de que a situação possa piorar.
Laura relata que tem percebido a irmã muito abatida, com tristeza nos últimos seis meses, sem ânimo para atividades de lazer no fim de semana, com idas repetidas à emergência e faltas ao trabalho. Diana diz que não tem dormido bem e que se sente uma “inútil dentro de casa”, pois não tem força na mão direita e não consegue ajudar a família nas tarefas do dia-a-dia.
Diana descreve a dor como uma queimação na região lombar baixa, sem irradiação. Às vezes a dor vem como uma fisgada. Sente dor diariamente. Não consegue entender porque a dor reagudiza, inclusive em momentos em que não está fazendo esforço físico, já que tem preferido ficar de repouso quando não está trabalhando. No punho direito sente dor cansada e formigamento na face lateral da mão, principalmente à noite.
Faz uso frequente de analgésicos, antiinflamatórios e miorrelaxantes alternadamente, em posologias diferentes a depender da intensidade do sintoma álgico. Referiu uso de amitriptilina por um mês, há três meses parou por conta própria por não perceber melhora. Não faz atividade física alguma e avalia suas dores com nota 6 na escala verbal numérica. Numa das idas à emergência, foi solicitada uma radiografia de coluna, com o achado de osteófitos marginais em L5 e S1. Deseja realizar uma ressonância magnética da coluna, segundo ela, um exame mais completo para diagnosticar seu problema na coluna. Diana tem muito medo da doença avançar e perder o emprego, também tem medo não conseguir mais andar e ir para a cadeira de rodas.
Após o exame físico, Camila registra no prontuário: IMC 31,3, fraqueza muscular na eminência tenar e parestesia dos dedos da mão direita; testes de Tinel, Phalen e Phalen invertido positivos; marcha sem alterações; dor difusa à palpação da coluna; reflexos patelares e aquileus sem alterações; testes de Lasègue (clássico e distraído), FABER e Schober negativos. Neste momento, refletindo sobre que conduta tomar, ela questiona a si mesma se há presença de alertas vermelhos e amarelos no quadro clínico que Diana apresenta e se é preciso notificar.
- macenadoctor
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Conteúdo da semana
Seg Jul 12, 2021 9:14 pm
- Dor de Coluna:
- Classificação:
- Tempo:
- Aguda (1 mês)- autolimitada
Crônica (≤ 3 meses)
- Etiologia:
- Musculoesquelética (inespecífica)- vasta maioria
Radiculoterapia
Estenose de canal
Fraturas vertebrais
Neoplasia ou metástase
Abscesso ou osteomielite
Órgãos (rim, pâncreas)
Vascular
- Clínica:
- Depende da causa
Tempo é importante
Identificar sinal de alarme
Ef: exame neurológico (força, piramidal, sensibilidade)
Amplitude de movimento
Palpação muscular
Manobras radiculares: Spurling e Lasègue- Sinais de alarme:
- Histórico: febre, trauma, drogas
Sinais neurológicos focais
Sinal de Lhermitte
Perda ponderal
Imussuprimido
História de Câncer
Dor > 6 semanas
- Musculoesquelética- inespecífica:
- Contratura/miofascial/whiplash (síndrome do chicote)
Dor ou rigidez ao movimento
Relação com postura, posição do sono
Pode não ser precipitante claro
Dor à palpação da musculatura
Pode persistir até 6 semanas
Diagnóstico clínico
Imagem não mensura quadro clínico
- Espondilose:
- Nem sempre associada à dor lombar
Radiculopatia
- Discopatia degenerativa:
- Controverso: muito em assintomáticos
Dificuldade de distribuir pressão
Dor ou rigidez com movimentos
Exacerbado por posições contínuas (dirigir, ler, sentado frente ao PC)
Delimitação de movimentos por dor
Diagnóstico: clínico + RNM (Suporte)
- Radiculopatia:
- Comum: hérvia discal, osteófito
Raro: infeccioso, neoplásico
Dor irradiada: ciática
Diagnóstico: clínica + RNM
Pode eventualmente ter fraqueza
Pode melhorar em 6 semanas
Imagem não é necessária sempre
- Mielopatia:
- Compressiva - degenerativa, tumor, absesso
Outros: desmielinizante, vascular
Quadro neurológico
Fraqueza, piramidal
Nível sensitivo
Disfunção esfincteriana
Diagnóstico: Clínico + RNM
- Estenose lombar:
- Compressiva degenerativa a maioria
Claudicação neurogênica (dor nas pernas ao andar)
Geralmente idosos
Melhora ao sentar ou quando pende para frente
Pode ter exame neurológico normal
- Diagnóstico:
- Neuroimagem:
- Identifica segmento (cervical, lombar)
Rx poder o 1º
RM exame ideal
TC alternativa
Contraste: infecção, neoplasia
Angio: dissecção
Líquor (poco usado) -> infecciosos ou carcinomatose
Laboratório geral
- Tratamento:
- Específico:
- Osteomusculares: clínico
Radiculopatia: clínico ou cirúrgico
Mielopatia compressiva: avaliação cirúrgica
Estenose lombar: avaliação cirúrgica
Cauda equina: avaliação cirúrgica
Neoplasias: avaliação cirúrgica
Abscesso: avaliação cirúrgica
- Agudo:
- Mobilização precoce
Educação postural (RPG)
Bolsa térmica local
Fisioterapia
Paracetamol
Anti-inflamatórios
Relaxantes musculares
- Subagudo e crônico:
- Fisioterapia
Agulhamento
Acupuntura
Psicoterapia
Alternativas (yoga, Tai Chi)
Tramadol
Duloxetina ou tricíclicos
- Lombalgia:
- Definição:
- Pico aos 45-60 anos
Grande causa de incapacidade- Fatores de risco:
- A prática regular de atividade física pode ser considerada como um dos fatores protetores para lombalgia. Diferente do sedentarismo, que é fator predisponente. Se levarmos em consideração que os movimentos repetitivos de flexão e rotação do tronco, estão relacionados à ocupação, podemos considerá-los como fatores epidemiológicos, porém o sedentarismo parece ter um maior impacto na ocorrência da dor lombar quando comparado ao trabalho físico intenso. Ainda há o fator da alternativa 4 não ter especificado em que contexto se dariam esses movimentos. Portanto, consideramos a resposta como a alternativa 5. (FONTE: Nascimento PRC, Costa LOP, .Prevalência da dor lombar no Brasil: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(6):1141-1155, jun, 2015)
- Causas:
- Mecânicas:
- Procurar por:
- Traumatismo
Síndrome discogênica- prolapso discal
Degenerativas: espondilartrose ou espondilolise/listese
Anomalias congênicas: espinha bífida e sacralização/lombarização
- Traumatismo
- Inflamatório:
- Espondilite anquilosante
Artrite reumatóide
Fibromialgia
- Infecciosas:
- Baixa prevalência
Febre/drogas IV
Estafilococos normalmente
Mal de Pott
Brucelose
- Metabólicas:
- Oseteoporose
Osteomalacia
Hiperparatiroidismo
- Tumorais:
- Perda de peso
Dor noturna
> 50 anos
Cansaço
Benignos e malignos
Primários e matastáticos
Intradurais e extradurais
- Dor visceral referida:
- Vascular- aneurisma aorta
Geniturinário
Gastrointestinal (pancreatite, úlcera gastroduodenal e carcinoma)
Endometriose
Gravidez tubária
Cólica renal
Prostatite
- A dor pode vir de:
- Músculos
Ligamentos
Apófise articular
Articulação sacroilíaca
Discos intervetebrais
Irritação mecânica ou química da dura
- Diagnóstico:
- ACP e APS (2007)
- História clínica:
- Não específica (?)
Com radiculopatia ou estenose vertebral
Associada à causa
Risco de incapacidade
- Yellow flags:
- Recuperação lenta (psicológico (?))
Culpa alguma tarefa
Aversão ao trabalho (origem da dor)
- Red flags:
- Início gradual
< 20 a. ou > 50 a.
Dorsalgia
> 6 semanas
Procedimentos- associado a bactérias
Drogas EV
Histórica de traumas
Febre, calafrios, seio suor noturno
Perda ponderal
Piora com repouso
Analgesia ineficaz
História de neoplasia
Imunossupressão
- Exame físico:
- Febre
Hipotensão
Hipertensão extrema
Palidez
Massa abdominal pulsátil
Sensibilidade das apófises espinhosas
Sinais neurológicos focais
Retenção urinária aguda
- Tratamento:
- Não farmacológico:
- Lombalgia aguda: Repouso
Termoterapia: calor (B)
Manipulação vertebral (B/C)
Terapêutica farmacológica (B)
Lombalgia subaguda e crônica: Exercício (B)
Agentes físicos (I): TENS (transcutaneous electrical nerve stimulation), Ultrassom, laser, correntes interferenciais.
Massagem (B)
Terapia cognitiva comportamental (B)
Acupuntura (B)
Back school (C)
Terapêutica farmacológica (B)
- Farmacológico:
- Depende da etiologia: ATB ou citoestáticos
Analgesia multimodal: combinação de Paracetamol, AINEs, Opioides e analgesia locais
- Conduta:
- Excluir red flags
< 6 semanas: analgesia/ repouso etc
> 6 semanas: Rx; hemograma/ VSH
> 12 semanas: resultados anormais
- Síndrome do túnel do carpo:
- Definição:
- Síndrome compressiva:
- Nervo radial: Síndrome túnel radia; Síndrome interósseo posterior
Nervo mediano: Síndrome do túnel do carpo; S. pronador; S. interósseo anterior
Nervo ulnar: Síndrome do túnel cubital; síndrome do túnel de Guyon
É um processo inflamatório que comprime o nervo
Mais em mulher, 40-60 a.; normalmente na mão dominante
- Etiologia:
- Traumática= fraturas e luxações
Posturais
esforços repetidos
Infecciosa- abscesso
Idiopática
- Clínica:
- Dor e parestesia do território mediano
- Diagnóstico:
- Inspeção: atrofia eminência tenar- para sempre
Teste de sensibilidade
Testes irritativos do nervo mediano
Sensibilidade dos testes para Sd. Túnel do carpo: Durkan > Phalen > Tinel
Exames: Eletroneuromiografia- padrão-ouro
Rx: tunell view
VHS, glicemia, ácido úrico, T3/T4
- Tratamento:
- Conservador (leve)
Medicamentoso: AINE, analgesia, infiltração
Reabilitação
Cirúrgico: convencional, mini-open e artroscópico
O paciente fica quieto por 1 semana
- Achados radiográficos:
- Artrite psorística:
- Mineralização normal
Perda do espaço articular
Edema fusiforme de tecidos moles
Mãos> pés> articulação sacroilíaca> coluna
Assimetria bilateral
Proliferação óssea
O chamado lápis em copo- note que na região mais proximal, anterior à perda do espaço articular, há um afunilamento, e após ao espaço, há aumento.
- Necrose avascular da cabeça do fêmur:
- Aterosclerose/ doença falciforme/ pancreatite/gestação/idiopática/trauma / álcool/ doença de Gaucher
Achados: Esclerose subcondral
Aumento central
Achatamento da cabeça do fêmur esquerdo
- Gota:
- Lesão em saca bocado (buracos nos ossos)/ massa de tecido mole
- Espondilite anquilosante:
- Sacroileíte
Coluna em bambu
Perceba que existe uma linha que marca a coluna em bambu
- Artrite reumatóide:
- Bilateral
Simétrica
Edema periarticular
Cisto sinovial
- Artrite deposição de pirofosfato de cálcio:
Esse é bem difícil de ver, note que há uma fininha camada por causa do acúmulo de cálcio
Tem como causa: hiperparatiroidismo, hipotireoidismo, hemocromatose e hipomagnesemia
- Artrite idiopática juvenil:
- Dismineralização óssea
- Esclerodermia:
Essa é difícil de deixar passar, né?
Mas, lembrar que as pessoas com a doença tem necrose pulmonar:
Há também a síndrome CREST que terá Calcinose cutânea, Raynauds, Esofagiana dismotilidade, Salerodactilia e Teleangectasia
- LES:
- Osteoporose justa articular
Posição de Norgaard- Subluxação
Edema de partes moles e ausência de erosões- difere da Artrite reumatóide
- macenadoctor
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Re: Caso da semana
Sáb Jul 17, 2021 6:41 pm
Existem as neoplasias líticas e as blásticas, as primeiras são as que gastam os ossos e eles conseguem se reconstituir, já a segunda a degeneração da metástase no osso é tanta que o corpo não consegue refazer os ossos.
As principais causas de lesão óssea lítica são : pulmão, mama e mieloma
Para blástica: pulmão, mama, tireoide e próstata
As principais causas de lesão óssea lítica são : pulmão, mama e mieloma
Para blástica: pulmão, mama, tireoide e próstata
- macenadoctor
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Mieloma múltiplo
Sáb Jul 17, 2021 7:55 pm
- Definição:
- Tumor de plasmócitos que produz muita imunoglobulina
Essa é uma eletroforese de proteínas normal:
Essa é uma eletroforese de proteínas com gamopatia monoclonal (indica um mieloma, mas não patognomônico):
- Clínica:
Homem, idoso, negro
Anemia- por invasão da medula ou por causa de doença crônica
Lesão óssea lítica- ativação de osteoclastos/ Fosfatase alcalina e citilografia óssea normais
Hipercalcemia- por lesão óssea lítica
Insuficiência renal- a cadeia leve da Ig vai lesar o túbulo, quando atravessa e na urina essa cadeia leve será chamada de "Bence-Jones"; ácido úrico; nefrocalcinose; amiloidose primária (macroglossia, insuficiência cardíaca congestiva, Sd. nefrótica.
HiperCalcemia
Anemia
Insuficiência Renal
Lesão Ossea lítica
Outros: VHS aumentado ("rouleaux")
Compressão medular
Predisposição a infecções
- Diagnóstico:
- ≥ 10% de plasmócitos na Medula óssea ou plasmocitoma
+
Pelo menos um dos sintomas do CARO
Atenção: > 10% de plasmócitos e componente M, mas sem CARO= Mieloma indolente
> 10% plasmócitos e CARO, mas sem componente M= Mieloma não secretor
Estadiamento: beta2- microglobulina (principal fator prognóstico)
- Tratamento:
Quimioterapia: lenlinomida, bortezomib e dexametasona
Transplante autólogo de Medula óssea: < 76 a. com boa resposta à quimioterapia
- macenadoctor
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Nefrolitíasse
Sáb Jul 17, 2021 8:36 pm
- Etiologia:
- Oxalato de cálcio (70-80%)- hipercalciúria idiopática
Estruvita- coraliforme (10-20%) é um fosfato amoníaco magnesiano que ocorre em ITU (bactéria proteus) por produtores de urease (pH >6)
Ácido úrico (5-10%)- hiperuricosúria (pH <5)
- Clínica:
- Maioria assintomática
Hematúria (+ comum)
Cólica nefrética (dor em flanco com ou sem irradiação)
- Diagnóstico:
- Imagem- TC de abdome sem contraste (padrão-ouro)
- Tratamento:
- Agudo:
- Analgesia (AINE)
Alfabloqueador (tansulosina)
Evitar desidratação
Avaliar intervenção urológica
- Intervenção urológica:
- > 10 mm; sintomas refratários, recorrentes; obstrução com Insuficiência renal; coraliformeLECO (Litotripsia extracorpórea): quando for proximal, 2 cm e densidade < 1.000 UH
Cálculo < 10 cm
Nefrolitotomia percutânea: proximal e > 2 cm ou densidade > 1.000UH
Cálculo > 10 cm
Pólo renal inferior
Coraliforme
Ureteroscopia: ureter médio e distal
- Crônico:
Para todos: Estimular ingesta hídrica
Oxalato de cálcio: restrição de sódio e proteína
Tiazídico se refratário- porque impede a eliminação renal de cálcio, então menos cálcio urinário
Não restringir cálcio (aumenta absorção intestinal de oxalato)
Estruvita: tratar infecção
Se refratário, Ácido aceto-hidroxâmico (inibidor da urease)
Ácido úrico: dieta com restrição de purinas
Citrato de potássio (alcalinizar urina)
Alopurinol
- Litíase complicada:
- Quando associação com pielonefrite ou Insuficiência renal obstrutivaDesobstrução imediata: nefrostomia percutânea ou cateter duplo J ureteral
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